Estou solteira há uns meses a esta parte.
Mas já tive 3 namorados desde que me iniciei no mundo das acompanhantes.
Nunca nenhum deles soube que eu era acompanhante, e nunca nenhum sequer desconfiou.
Sempre soube fazer muito bem as coisas, de maneira a não dar nas vistas. Fui em todos os casos uma óptima namorada, sempre separei bem as coisas.
Entendo que não é difícil nem impossível ter um namorado sendo acompanhante de luxo. Eu nunca tive nenhum problema com isso.
Claro que minto, claro que omito, mas tudo se faz muito bem. Não tem nada a ver com ter um amante. Porque um amante exige telefonemas, mensagens, e-mails, etc. O meu trabalho não exige mais do que 5 minutos de conversa diária com o meu agente, e 1, 2 ou 3 escapadelas por semana.
É muito fácil dizer que vou a um seminário, a uma formação, a um congresso, a uma reunião com clientes, há centenas de desculpas. E são simples, porque essas “escapadelas” acontecem desde o 1º dia da relação, o que faz com que isso seja encarado como natural, sem qualquer espécie de desconfiança.
Um dos namorados que tive, chegou inclusivamente a viver comigo. Nunca houve qualquer problema. Claro que isso complica o mercado aqui no Porto, porque se torna quase impossível ir a eventos sociais. Essa é a única limitação de ter um namorado. Mas como a maior parte dos meus “trabalhos” que envolvam contactos sociais são feitos fora do Porto, não há grande problema.
No Porto, tenho os clientes habituais. E aí, normalmente só mete jantares românticos numa casa particular, e cama. São clientes que vêem em mim uma amante, mas sem as chatices que uma amante comporta. Eu não faço perguntas. Ouço, e satisfaço os meus clientes. Sou uma profissional.
E sou divinal naquilo que faço.
Neste momento, o meu coração está livre. Mas só volto a namorar quando abandonar este mundo. Planeio fazê-lo daqui a 2 anos. Nessa altura espero ter o dinheiro suficiente para me poder reformar e me dedicar em exclusivo ao escritório e à formação que tenho.
Dois Rumos
ResponderEliminarMentir, eis o problema:
minto de vez em quando
ou sempre, por sistema?
Se mentir todo dia,
erguerei um castelo
em alta serrania
contra toda escalada,
e mais ninguém no mundo
me atira seta ervada?
Livre estarei, e dentro
de mim outra verdade
rebrilhará no centro?
Ou mentirei apenas
no varejo da vida,
sem alívio de penas,
sem suporte e armadura
ante o império dos grandes,
frágil, frágil criatura?
Pensarei ainda nisto.
Por enquanto não sei
se me exponho ou resisto,
se componho um casulo
e nele me agasalho,
tornando o resto nulo,
ou adiro à suposta
verdade contingente
que, de verdade, mente.